Homenagem Ao Dia Da Consciência Negra

Henrique Vieira Filho e sua reportagem no Jornal O Serrano

Henrique Vieira Filho homenageia o Dia Da Consciência Negra por meio da Exposição Diversidade, no Mercado Cultural, em Serra Negra / SP, unindo artes plásticas e artes marciais, participando, inclusive, da roda de Capoeira promovida pela Academia Raça e Fundamento.

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 12 de novembro de 2021 – 6280 – CXIII

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5759816

Sendo um homem branco, não tenho autoridade para abordar este tópico sobre certos aspectos que só um afrodescente tem propriedade e a experiência de quem realmente vive a questão em seu dia-a-dia.

Por outro lado, como artista plástico  apaixonado pelas mais diversas culturas milenares, posso prestar minhas sinceras homenagens e admiração ao Dia Da Consciência Negra (20 de novembro), por meio da Exposição Diversidade, a qual, neste ano, será em Serra Negra / SP, com entrada franca.

Bem sei que muitos artistas focam nas adversidades e buscam denunciar por meio de suas obras, mas, eu prefiro focar na beleza das cores, das formas e das tradições populares, em especial, por meio de figuras femininas, empoderadas e, na maioria das vezes, representando figuras icônicas ou fascinantes personagens mitológicos.

Por defender que todas as culturas merecem ser compartilhadas e experienciadas, retrato por fotografias e pinturas temas indígenas, orientais, europeus e afros, sem distinção e, eventualmente, até miscigenando, tal qual ocorre na população de nosso Brasil. 

Claro que, nesta exposição, em especial, selecionei as obras que homenageiam a Cultura Afro, como os exemplos que se seguem, em imagens e histórias:

Mermaid Kianda (gravura acrílica sobre tela) – inspirada na mitologia angolana, esta sereia concedia desejos de riquezas e, caso o beneficiado agisse com avareza, seria condenado à eternidade no fundo do oceano, às vezes, levando junto toda a aldeia. Esta pintura já esteve em exposições em Madri, Barcelona e Viena.

Artista plástico Henrique Vieira Filho e Amanda Canela, que posou para a pintura

Indomitable (gravura acrílica sobre tela) – obra do acervo particular da grande cantora Aline Wirley, gentilmente cedida para esta Exposição. Esta tela é composta por texturas de asas de borboleta, penas de aves, ambas africanas, assim como os grafismos e tatuagens pintadas sobre a pele desta poderosa guerreira.

A cantora Aline Wirley,  Henrique Vieira Filho e Fabiana Vieira, com a pintura ao fundo
Henrique Vieira Filho com sua pintura Indomitable, onde retrata a cantora Aline Wirley

“The Goddess Of The Seas”  (gravura acrílica sobre tela) – inspirada nas tradições afro-brasileiras, em especial, Iemanjá, a obra retrata a rainha do mar, deusa protetora, maternal e, ao mesmo tempo, senhora da força da natureza das águas, implacável quando necessário.

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A modelo Tayná Ferreira posando para a tela The “Goddess Of The Seas”

Tela: Godx Deity
Artista: Henrique Vieira Filho

Releitura de pinturas de Carl Gustav Jung publicadas em sua obra “O Livro Vermelho”

Tela: Birth Of The Saci
Artista: Henrique Vieira Filho

Artwork: “𝘽𝙞𝙧𝙩𝙝 𝙊𝙛 𝙏𝙝𝙚 𝙎𝙖𝙘𝙞” - Artist: Henrique Vieira Filho - Tela: O Nascimento Do Saci
De origem tupi-guarani, não possui forma, daí sua associação com a força do vento (redemoinho…), capaz de revirar o ambiente. Ao tomar contato com a cultura africana, associou-se a imagem de uma criança, que teria até perdido uma perna devido à capoeira.

Tela: African Aphrodite
Artista: Henrique Vieira Filho

O esplendor da afrodescendente, uma Vênus Orixá, integrada aos grafismos urbanos.

Tela: African Gioconda
Artista: Henrique Vieira Filho

A homenagem à beleza da etnia afro estampada tanto nesta moderna Mona Lisa, quanto nos grafismos, inspirados nos tecidos artesanais africanos.

Tela: Decipher Me
Artista: Henrique Vieira Filho

Alada, felina e humana, o fascínio da esfinge em toda a sua sedução e poder.

Série Diversidade

A Série Diversidade é composta por Fotografias Fine Art, muitas das quais integram o livro “Les Brésiliens vus par les Brésiliens” (Os Brasileiros vistos pelos Brasileiros), com lançamento no Salão do Livro de Paris, em março de 2016.

Nesta Série, o biotipo étnico de cada indivíduo, ainda que possa predominar em uma direção, jamais nega a miscigenação de nosso povo e nunca limitará sua visão de mundo.

A orientação de vida de cada um transcende a própria tradição étnica ancestral.

Henrique Vieira Filho desenvolveu padrões gráficos baseados em tribais indígenas brasileiros (especialmente, artesanatos marajoaras…), africanos,  orientais,  célticos e, até mesmo, modernos grafites urbanos, os quais foram projetados (literalmente, via projetor…) tendo a pele como tela. Eventualmente, incluiu pintura corporal, como reforço à proposta étnica.

Fotografia Fine Art: African Marajoara
Artista: Henrique Vieira Filho

Fotografia Fine Art: African Chinese
Artista: Henrique Vieira Filho

O contraste cultural do biotipo afrodescendente em contraponto às projeções de símbolos orientais (Yin e Yang).

Fotografia Fine Art: African Celtic
Artista: Henrique Vieira Filho

Grafismos célticos projetados sobre a pele e ao fundo.

Fotografia Fine Art: African Celtic
Artista: Henrique Vieira Filho

Grafismos célticos projetados sobre a pele e ao fundo.

Fotografia Fine Art: African Chinese
Artista: Henrique Vieira Filho

O contraste cultural do biotipo afrodescendente em contraponto às projeções do dragão oriental.

Estejam todos convidados a prestigiar o Dia da Consciência Negra, visitando a Exposição Diversidade, onde poderão ver de perto as obras acima e muitas outras mais:

Abertura às 10hs, dia 20 de novembro de 2021, no Mercado Cultural:  Praça XV de Novembro – Estância Suíça, Serra Negra – SP – Entrada franca 
A exposição permanece aberta do dia 20 ao 25 de novembro*

Apoio: Prefeitura Municipal de Serra Negra

Exposição Virtual – Dia Da Consciência Negra – 2020

Exposição Diversidade 2021 – Artes Visuais e Capoeira
Exposição Diversidade 2021 – Artista Visual Henrique Vieira Filho em uma roda de Capoeira com a Academia Raça e Fundamento Visuais e Capoeira

Os 100 Anos Do Serrano Ary Vieira

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 22 de outubro de 2021 - 6277 - CXIII

Os 100 Anos Do Serrano Ary Vieira

Título: Os Serranos (Retratados os Vieiras: Vera, Ary e Arthema)
Artista: Henrique Vieira Filho
Técnica Mista – 80 x 60 cm

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 22 de outubro de 2021 – 6277 – CXIII

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5748123

Daqui a poucos dias, um ilustre serrano faria 100 anos: Ary Vieira

Na verdade, faltou pouco: faleceu em 2017, uma semana antes de receber mais uma justa homenagem, com direito à Banda Lira (ele adorava…), por ter sido um dos combatentes da Força Expedicionária Brasileira.

Foi filho de Durvalino Vieira de Moraes, agora também eternizado em Serra Negra, com a recente inauguração da placa que inclui seu nome, em honra à Revolução Constitucionalista de 1932.

Meu tio Ary merece ser lembrado mais do que pela espada,  e sim, pela caneta: era um desenhista de mão cheia, com belas obras feitas com precisão de bico de pena, em nanquim.

Gosto de pensar que foi dele que herdei o amor pelas artes plásticas, por isso, mesclei os traços dele com os meus, nesta pintura que foi baseada em uma antiga foto em que estão em sua mesa no Serra Negra Esporte Clube, que sempre frequentaram, por estar a poucos passos de onde ele morava com a minha prima Vera e minha tia Arthema.

Inúmeras medalhas e honrarias ele ganhou como guerreiro… Penso que ele deveria ter recebido outras mais, só que por outro motivo: ser uma pessoa feliz e em paz, APESAR da guerra!

As lembranças que tenho são dele sentado no banco da Praça João Zelante, de braços cruzados, vendo a banda passar (literalmente…), ao lado de sua esposa e filha, tricotando lãs e prosas. 

As memórias que guardo mostram um homem que se divertia no carnaval serrano, criava suas próprias fantasias, vestindo camisetas com os dizeres da marcha “A Maré Tá Cheia”, que compôs com seus amigos (um plágio!  tsc, tsc…).

Quando criança, eu o observava criando tracejados e sombreados, com lápis e tinta, até os desenhos formarem paisagens e animais, com uma paciência que parecia infinita, tamanha era a lentidão que o processo criativo exigia.

O desenhista Ary era o contraponto perfeito a compensar o seu lado soldado!

Vai ver, meu tio foi o precursor do “Slow Movement” (Movimento Sem Pressa), tão em moda atualmente, onde o que se busca é aproveitar melhor a vida, sem a ansiedade dos grandes centros urbanos, que tem conduzido à migração de volta ao campo, para melhorar a qualidade de vida. O que, por sinal, foi o que fiz já faz 03 anos, mudando de volta para as minhas raízes serranas!

A humanidade, desde sempre, cultua o heroísmo, erguendo estátuas e monumentos aos grandes guerreiros e isso é natural. 

Igual honraria deve ser reservado à chamada “vida cotidiana”, onde cada um de nós vence as suas batalhas diárias e desfruta do que realmente importa: amor, amizade, saúde, trabalho  e… diversão!
Uma das coisas que, secretamente, fazia o Ary rir, é que TODAS as medalhas, placas, diplomas em sua honra estão com seu nome… ERRADO! 

Ele nunca foi Ary CAREI Vieira! Este sobrenome ele “emprestou” do ator americano Harry Carey Jr! 

Nascido no mesmo ano que meu tio, em 1921, ganhou fama mundial com seus mais de 90 filmes de “faroeste” e o Ary brincava com a semelhança sonora entre seus nomes.

E é assim que escolho lembrar dele, neste seu centenário: um homem que prefere não perder a piada, por nada deste mundo!

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Minha prima Vera e meus tios Ary e Arthema Vieira

Cite as

HENRIQUE VIEIRA FILHO. (2021). Os 100 Anos Do Serrano Ary Vieira. O Serrano, CXIII(6277). https://doi.org/10.5281/zenodo.5748123