Pierrots, Colombinas e Arlequinas – Carnaval, Arte e Psicanálise

O Artista e Psicanalista Henrique Vieira Filho fala sobre o fenômeno da personagem Arlequina, retratada em várias de suas Artes e Fotografias, bem como sua interpretação na Psicanálise, se fosse um caso da vida real.

Pierrots, Colombinas e Arlequinas

No Carnaval, Arte e Psicanálise

Ao contrário do que se canta na carnavalesca “Máscara Negra”, quem chora pela inteligente, bela e charmosa Colombina é o triste e ingênuo Pierrot (Pedrolino), tendo o malandro e irreverente Arlequim completando o triângulo amoroso.

Os três são personagens constantes em um estilo teatral popular, iniciado no Século XVI, na Itália, conhecido como Commedia dell Arte, recheado de crítica social.

Suas roupagens, maquiagens e trejeitos teatrais inspiraram os atuais palhaços circenses, bem como as fantasias e máscaras carnavalescas, chegando até nossos dias de uma forma miscigenada.

Em nosso tempo, tais personagens parecem ingênuos ao compararmos com algumas de suas variações atuais, das quais aqui abordo a Arlequina

Nascida nos desenhos animados como personagem secundária atrelada ao Coringa (um dos vilões preferenciais das histórias de Batman), conquistou tamanha simpatia do público que foi transposta para os quadrinhos e, mais recentemente, em filmes, passando a ter uma “biografia” complexa capaz de explicar sua trajetória.

Sofrendo abusos desde a infância, quando adulta e exercendo psiquiatria, Harley Quinn é seduzida pelo Coringa, a quem atendia no manicômio judiciário, iniciando um relacionamento marcado pela violência verbal e física.

Sob o ponto de vista artístico, de certo que a dramaticidade, a sensualidade, a beleza estética são mais do que suficientes para cativar o público.

Minha série fotográfica de Arlequinas, em exposição na recente 5ª Arte No Fórum, comprovam esta tese, tanto por terem sido acolhidas pelo Curador Roko Brasil, quanto pelas presentes à inauguração. Em menos de 24 horas, já tive o prazer de constatar uma de minhas fotografias já adotada em um novo lar, na estante de sua feliz admiradora!

Em suma, quanto à Arte esta personagem está no meu leque de opções, seguramente!

Já a minha faceta Terapeuta Holístico se preocupa com tamanha “glamourização” do abuso e da violência. Elegidos como “casal idealizado” por boa parte do público, na vida real este tipo de relacionamento seria caso para anos e anos de Psicanálise e até de ações penais…

Arlequina e Coringa parecem ter sido criados com toda a lista de características “oficiais” de quadros classificados como patológicos pela psiquiatria, denominado “transtornos de personalidade”, neste caso, histriônica e antissocial, respectivamente.

Na Terapia Holística, não rotulamos os Clientes em classificações deste tipo; outrossim, difícil supor algum caso em que um relacionamento deste tipo sirva de modelo a ser adotado.

Enfim, que esteja sempre clara a distinção entre Arte e vida real:

Que fique a nossa solidariedade e portas de consultório continuem sempre abertas para os que vivenciam relacionamentos abusivos…

Enquanto apreciamos esta ficção na literatura, cinema, artes plásticas e fotografia: convido a todos para conhecerem minhas Arlequinas (dentre outras fantasias…) na 5a Arte No Fórum!