Cultura: Alimentando A Alma.. E O Turismo, Também!

Henrique Vieira Filho coordena o Projeto Re Arte

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 29 de outubro de 2021 – 6278 – CXIII

Projeto Re Arte – Circuito Das Águas – 2020

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5753575


A Arte está tão inserida no cotidiano, que nem sempre nos damos conta de que dela estamos usufruindo.

No isolamento que a pandemia impôs, quanto alívio emocional foi proporcionado com a leitura de livros, ao assistir filmes, seriados, novelas, ouvir músicas… 

Até mesmo as pessoas que perderam seu sustento podem ser beneficiadas com as Artes, considerando que este setor já criou cerca de 01 milhão e 500 mil postos de trabalho, no ano em que a pesquisa mais recente foi realizada. (Fontes: IBGE, diretoria de pesquisas, Cadastro Central de Empresas – 2003). 

Nem todos percebemos que, para um artista trazer a público o seu trabalho, abre-se vagas para um grande contingente de outras profissões: recepcionistas, equipe de transportes, equipe de montadores, eletricistas, pessoal da limpeza, setor de hospedagem e alimentação, carregadores, organizadores de eventos, fotógrafos, cinegrafistas, equipe de informática, publicitários, equipe gráfica, contadores, seguranças e mais uma infinidade de eventuais vagas de trabalho.

Devemos somar, ainda, que público que vem ao evento cultural também irá se hospedar, se alimentar, passear pelos arredores, comprar alguma lembrança, enfim, consumir tudo que puder, como é de praxe quando o objetivo é o turismo e o lazer! Até o mais singelo ambulante pode salvar seu dia, com o consumo extra de “comes e bebes” na entrada e saída das apresentações!

Mesmo o tão subestimado (por nós, brasileiros…) setor de artes visuais (museus, exposições de pinturas, esculturas e fotografias), somado ao de jornais e revistas, movimentam cerca de 700 bilhões de dólares, por ano, em todo o mundo, gerando incontáveis empregos.

Como exemplo recente de renda gerada pela Cultura, podemos citar o 38º Festival de Dança de Joinville: 270 mil espectadores, cerca de 9400 inscritos e mais de 3000 vagas em cursos de arte. Por sinal, a Cia Allegro representou Serra Negra, com a coreografia “Desencontros”!

O ganho cultural foi imensurável, além do financeiro: nem é preciso ser economista para concluir o bem que fez aos hotéis, restaurantes e comércio da cidade e todos os novos postos de trabalho que foram criados, graças a toda esta movimentação criada pelas Artes!

Segundo o próprio governo federal, a cada R$ 1,00 disponibilizado por meio das leis de incentivo à Cultura, R$ 1,59 são gerados para a economia do país (Fonte: MinC – Ministério da Cultura e FGV – Fundação Getúlio Vargas – 2019). Ou seja, ao investir em artes, o governo consegue um retorno de 59% para a população!

Quando o povo critica o envio de verbas públicas a eventos culturais, certamente focam nos poucos artistas que estão muito bem de vida e que já contam com o patrocínio de grandes empresas privadas.

A realidade da imensa maioria dos artistas brasileiros é bem distante disso. Não raro, nem cachê recebem, trabalhando mais pelo amor ao ofício!

E assim foi, por exemplo, aqui mesmo, em Serra Negra, no ano passado, justamente no Dia da Cultura (05 de novembro), em uma bela parceria em que a Prefeitura disponibilizou o palco do Centro de Convenções para o Projeto Re Arte – Circuito Das Águas, em que tivemos exposição de artes plásticas (Henrique Vieira Filho e Elisabeth Canavarro), dança (Cia de Dança Allegro, da Profa. Dayana Rezende), poesia (Camila Formigoni), artes cênicas (Breno Floriz) e vivência de qualidade de vida (Fabiana Vieira).

Tudo isso bem na época das restrições de saúde mais rigorosas, sem poder receber o público, sem verba, estes artistas se apresentaram, ao vivo e em reprises gravadas, trazendo um pouco de alegria em um período tão difícil para todos…

 “Temos a arte para não morrer ou enlouquecer perante a verdade. Somente a arte pode transfigurar a desordem do mundo em beleza e fazer aceitável tudo aquilo que há de problemático e terrível na vida”.

Friedrich Nietzsche
Dayana Brunhara Rezende, Maria Luiza Giorio e Carol Invencioni – Dança – Projeto Re Arte 2020

Link para baixar esta foto em 300 dpi: Clique Aqui

Dayana Brunhara Rezende, Maria Luiza Giorio e Carol Invencioni – Dança – Projeto Re Arte 2020

Camila Formigoni, Henrique Vieira Filho, Dayana Brunhara Rezende, Maria Luiza Giorio e Carol Invencioni – Dança

Link para baixar esta foto em 300 dpi: Clique Aqui

Henrique Vieira Filho – Artes Plásticas

Link para baixar esta foto em 300 dpi: Clique Aqui

Breno Floriz – Artes Cênicas e Camila Formigoni – Poesia

Link para baixar esta foto em 300 dpi: Clique Aqui

Henrique Vieira Filho e a importância da Cultura para o bem estar emocional e financeiro, sendo um fator de atração para o Turismo e fonte de renda e geração de postos de trabalho
Fabiana Vieira – Vivência Terapêutica

Link para baixar esta foto em 300 dpi: Clique Aqui

Divulgação – TV Globo – Projeto Re Arte – 2020
Playlist – https://youtu.be/1nOqeKqwVv8

Os 100 Anos Do Serrano Ary Vieira

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 22 de outubro de 2021 - 6277 - CXIII

Os 100 Anos Do Serrano Ary Vieira

Título: Os Serranos (Retratados os Vieiras: Vera, Ary e Arthema)
Artista: Henrique Vieira Filho
Técnica Mista – 80 x 60 cm

Artigo publicado originalmente no Jornal O Serrano, em 22 de outubro de 2021 – 6277 – CXIII

DOI: https://doi.org/10.5281/zenodo.5748123

Daqui a poucos dias, um ilustre serrano faria 100 anos: Ary Vieira

Na verdade, faltou pouco: faleceu em 2017, uma semana antes de receber mais uma justa homenagem, com direito à Banda Lira (ele adorava…), por ter sido um dos combatentes da Força Expedicionária Brasileira.

Foi filho de Durvalino Vieira de Moraes, agora também eternizado em Serra Negra, com a recente inauguração da placa que inclui seu nome, em honra à Revolução Constitucionalista de 1932.

Meu tio Ary merece ser lembrado mais do que pela espada,  e sim, pela caneta: era um desenhista de mão cheia, com belas obras feitas com precisão de bico de pena, em nanquim.

Gosto de pensar que foi dele que herdei o amor pelas artes plásticas, por isso, mesclei os traços dele com os meus, nesta pintura que foi baseada em uma antiga foto em que estão em sua mesa no Serra Negra Esporte Clube, que sempre frequentaram, por estar a poucos passos de onde ele morava com a minha prima Vera e minha tia Arthema.

Inúmeras medalhas e honrarias ele ganhou como guerreiro… Penso que ele deveria ter recebido outras mais, só que por outro motivo: ser uma pessoa feliz e em paz, APESAR da guerra!

As lembranças que tenho são dele sentado no banco da Praça João Zelante, de braços cruzados, vendo a banda passar (literalmente…), ao lado de sua esposa e filha, tricotando lãs e prosas. 

As memórias que guardo mostram um homem que se divertia no carnaval serrano, criava suas próprias fantasias, vestindo camisetas com os dizeres da marcha “A Maré Tá Cheia”, que compôs com seus amigos (um plágio!  tsc, tsc…).

Quando criança, eu o observava criando tracejados e sombreados, com lápis e tinta, até os desenhos formarem paisagens e animais, com uma paciência que parecia infinita, tamanha era a lentidão que o processo criativo exigia.

O desenhista Ary era o contraponto perfeito a compensar o seu lado soldado!

Vai ver, meu tio foi o precursor do “Slow Movement” (Movimento Sem Pressa), tão em moda atualmente, onde o que se busca é aproveitar melhor a vida, sem a ansiedade dos grandes centros urbanos, que tem conduzido à migração de volta ao campo, para melhorar a qualidade de vida. O que, por sinal, foi o que fiz já faz 03 anos, mudando de volta para as minhas raízes serranas!

A humanidade, desde sempre, cultua o heroísmo, erguendo estátuas e monumentos aos grandes guerreiros e isso é natural. 

Igual honraria deve ser reservado à chamada “vida cotidiana”, onde cada um de nós vence as suas batalhas diárias e desfruta do que realmente importa: amor, amizade, saúde, trabalho  e… diversão!
Uma das coisas que, secretamente, fazia o Ary rir, é que TODAS as medalhas, placas, diplomas em sua honra estão com seu nome… ERRADO! 

Ele nunca foi Ary CAREI Vieira! Este sobrenome ele “emprestou” do ator americano Harry Carey Jr! 

Nascido no mesmo ano que meu tio, em 1921, ganhou fama mundial com seus mais de 90 filmes de “faroeste” e o Ary brincava com a semelhança sonora entre seus nomes.

E é assim que escolho lembrar dele, neste seu centenário: um homem que prefere não perder a piada, por nada deste mundo!

Link para baixar esta foto em 300 dpi: Clique Aqui

Minha prima Vera e meus tios Ary e Arthema Vieira

Cite as

HENRIQUE VIEIRA FILHO. (2021). Os 100 Anos Do Serrano Ary Vieira. O Serrano, CXIII(6277). https://doi.org/10.5281/zenodo.5748123